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RENAISSANCE é uma Obra Prima

Que a Beyoncé é um fenômeno, todos nós sabemos, mas ela atingiu um novo nível de artisticidade em “RENAISSANCE”, logo após Lemonade. O sétimo álbum de estúdio da artista é uma entrada do gênero House, nunca explorado por Beyoncé antes. Além disso, esse álbum faz parte de um projeto de três álbuns que promete renovação na carreira de Beyoncé com novos gêneros, com “Renaissance” sendo o primeiro.

O álbum abre com “I’M THAT GIRL, onde a rainha estabelece que a posição dela no mundo na música e mostra que ela é aquela garota. Em versos como “It’s not my man / It’s not my stance / I’m that girl” Beyoncé deixa um recado bem claro para o mundo: ela é ela por causa de si própria, e não é dependente de qualquer outro. Essa música também define bem o tom do álbum, cheio de críticas sociais e músicas sobre empoderamento enquanto um ritmo impecável toma conta de seu corpo. “I’M THAT GIRL” é uma track hip-hop, mas já dá entrada ao tom house de todo o álbum.

“COZY”, segunda track de “RENAISSANCE”, fala sobre estar confortável com a própria pele, ao mesmo tempo que traz um ritmo impossível de não se dançar. Em trechos como “Comfortable in my skin / Cozy with who I am / I love myself Goddamn”, mostra que Beyoncé não se importa com os racistas e que querendo ou não, irá entregar o maior álbum já feito na história da humanidade.

“Alien Superstar”, traz um som de empoderamento ao mesmo tempo que é impossível deixar a pista de dança. Num clássico house, Beyoncé canta sobre ser única e não deixar ninguém apagar seu brilho, ao mesmo tempo que produz uma das melhores músicas de sua carreira. Em versos como: “I’m too classy for this world / Forever I’m that girl / Feed you diamonds and pearls / Oh baby, I’m too classy for this world”, Queen Bey realmente mostra que ela chegou em um ponto de artisticidade e fama em sua carreira que ninguém pode alcançá-la, por mais que tentem.

Em “CUFF IT”, traz um R&B/Soul que remete vagamente a Lemonade, mas com todo o jeito novo e renovado Renaissance de pensar. Já “ENERGY”, traz a colaboração de BEAM, rapper americano, que deixa a música melhor do que já seria se fosse apenas a Beyoncé.

“BREAK MY SOUL”, o lead-single do álbum e única música lançada antes de “RENAISSANCE” ser liberado, é a pior música de todo o álbum, mas ainda sim é um 10/10. A track traz o gênero house como seu destaque, e traz ritmos contagiantes, que se tornam repetitivos em certa hora. A música trata de empoderamento e mostra mais uma vez que Beyoncé quer que o poder feminino seja exaltado.

Tanto “CHURCH GIRL” e “PLASTIC OFF THE SOFA”, são músicas que misturam o gênero soul com o gênero house, e fazem de maneira magistral. Ambas músicas fazem qualquer um se mexer e cantar junto, mesmo que não saibam a letra. As músicas, que parecem rasas a primeira vista, são críticas de como o mundo julga Beyoncé, mas ainda sim ela consegue dar a volta por cima (CHURCH GIRL: Nobody Can Judge Me / But me / I Was Born Free & PLASTIC OFF THE SOFA: We don’t need the world’s acceptance / They’re too hard on me / They’re too hard on you).

“VIRGO’S GROOVE” é a maior track do álbum, com seus 6:08 de pura artisticidade. A cota disco do álbum, traz uma melodia impecável enquanto canta sobre seu amado, Jay-Z. A produção original de “RENAISSANCE”, é reconhecida como uma das melhores músicas do álbum, por seu ritmo disco e funk mostrando como Beyoncé consegue se renovar quando o assunto é gênero.

A 10ª track, “MOVE”, afirma a renovação de gêneros de Beyoncé ainda mais. Com sua mistura de gêneros funk, bounce, soul e afrobeats, a música é uma colaboração com a novata Tems, artista nigeriana que vem ganhando muito sucesso nos últimos anos, e a veterana Grace Jones, que foi um ícone LGBTQIAPN+ gigantesco e inegável durante os anos 70, com seu legado sendo relembrado e vivido até os dias de hoje. “MOVE” foi a primeira entrada na Billboard Hot 100 de Grace e isso é simplesmente lindo. A música não perde para o significado quando a questão é sonoridade, que é uma perfeição.

A melhor música do álbum, “HEATED”, mistura gêneros e produtores para criar uma das melhores, se não a melhor, música de toda a carreira de Beyoncé. Além de tocar em temas sensíveis, como seu tio Johnny, “HEATED” não deixa de ser a música das pistas, transformando qualquer pessoa parada em um dançarino de primeira. “Uncle Johnny” era o melhor amigo de Tina Knowles, mãe da cantora, e fazia parte da rotina da carreira. O álbum e seu documentário foi parcialmente dedicado para o “homem gay mais fabuloso que Beyoncé já conheceu”, como a mesma descreve. Ele faleceu de AIDS quando Beyoncé tinha 17 anos e a cantora relata que essa foi uma das experiências mais doloridas de sua vida.

“THIQUE” é uma track que incorpora elementos Trap, Hip-Hop e House em uma só música. A track 12 não abaixa a linha de qualidade do álbum, com ritmos contagiantes que trazem a auto-estima de qualquer pessoa de volta. “ALL UP IN YOUR MIND” é uma faixa eclética e ambiciosa, que mistura hip-hop com dance e música eletrônica, e mais uma vez é uma track que não decepciona.

Superficialismo é um grande problema da sociedade atual, e principalmente dos Estados Unidos, tema explorada em “AMERICA HAS A PROBLEM”. Sob um ritmo eletrônico, sample de “Cocaine”, Beyoncé relaciona o vício de cocaína da música original a um vício em si própria, que fica explicíto em versos como: “I know you need it, drug lord / You want it on you? Don’t I know” 

“PURE / HONEY” é o único medley do álbum, com ambas músicas incorporando variados gêneros musicais e técnicas vocais, além de samples e interpolações icônicas. Já “SUMMER RENAISSANCE”, música que fecha o álbum, é um clássico House instantâneo, como vocais atraentes e um ritmo que faz qualquer um beijar desconhecidos. Ambas músicas estão longe de ser as melhores do álbum, mas ainda sim são incríveis e espetaculares.

“RENAISSANCE” traz diversos samples e colaborações de artistas icônicos, como a participação de Grace Jones em “MOVE”, ou a interpolação de “I Feel Love” de Donna Summer em “SUMMER RENAISSANCE”. Até hoje, nenhum artista conseguiu honrar a cultura negra e LGBTQ+ mais que Beyoncé fez em Renaissance. Os produtores do álbum asseguraram que o resultado final fosse melhor impossível, e eles conseguiram, com samples e produções originais tão boas que ninguém pudesse falar em renascença sem se lembrar de Beyoncé. Esse álbum será lembrado como um “She’s So Unusual”, de Cyndi Lauper, é lembrado, tanto em legado e qualidade.


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