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Realmente Não é Tão Profundo

“It’s Not That Deep” é o 9º álbum de estúdio da cantora Demi Lovato, onde ela tenta se recolocar na atual cena pop, mas acaba se perdendo no que ela mesma sugere no título do seu disco: a falta de profundidade. O álbum entrega apenas metade do que foi colocado como pontapé da era.

Levando em consideração os singles lançados, foram colocadas expectativas de que este álbum ia soar como “Brat”, último álbum da cantora, compositora e produtora Charli XCX. A imagem dessa nova Demi chega a ser equivocada perante a sua última era que foi focada totalmente no rock mais pesado. É como se ela não soubesse expressar bem a sua identidade como a de Charli ou até mesmo de Camila no seu álbum C’XOXO.

“Fast” foi lançado como primeiro single da nova era de Demi Lovato, um dos pontos mais altos do álbum. Nesta faixa, parecia que ela realmente tinha abraçado a música eletrônica. Uma faixa alegre que extrapolou a extravagância de forma inteligente — isso até ouvir o restante do álbum, que parte para uma curva não tão agradável: apenas músicas revestidas de sons eletrônicos.

O segundo single, “Here All Night”, consegue ser o mais puro suco da música genérica — e isso não de uma forma positiva. É como espremer um limão esperando limonada e sair água natural. É o genérico do genérico: um som mais monótono e sem muitos altos, apenas baixos. “Let You Go” não foge dessa mesma descrição. A questão é que o canto da Demi não combina totalmente com o pop eletrônico.

Em “Sorry To Myself”, Demi mais uma vez trabalha em falar sobre perdoar a si mesma pelas negligências que ocorreram em sua vida. Não que seja um problema ela falar sobre isso em suas canções, pois existem músicas com essa mesma abordagem em outros projetos. Apenas é confuso saber se ela já se perdoou ou se realmente gosta de ficar visitando o passado sobre esses erros cometidos.

Já na canção “Little Bit”, sexta faixa do álbum, é até um pouco ilusório pensar que o disco ainda teria chance de entregar o que foi prometido. Uma faixa que traz de fato a Demi para dentro do mundinho eletrônico. É até viável afirmar que chega ao nível de uma produção mais psicodélica, porém por um curto período. Possivelmente uma das faixas em que ela mais saiu da zona de conforto dentro do lançamento.

Agora, em “Ghost”, ela trouxe algo bem da identidade de Demi Lovato. Faixa de encerramento que aparentemente parece ser bem pensada e escrita, mas será que sempre vai ser preciso lançar uma balada tal qual outras lançadas em seus discos anteriores? Fica o questionamento. Apesar de profunda, é possível sentir um leve exagero de autotune nessa faixa — algo que sabemos que Demi não precisa. Soa apenas como mais uma música barata.

É um álbum bastante comercial, mas o que ele tem de comercial também tem de genérico. Não que isso seja um problema dentro da indústria musical — neste caso, é. Se você procura algo inovador e que, ao escutar, soe como algo que vai mudar sua vida, esse álbum não é para você. Algumas canções poderiam ter sido bem maiores, mas o desenvolvimento delas não foi bem elaborado. Apesar das claras referências a Robyn, Slayyyter, Madonna e até mesmo Charli XCX, o álbum não funciona por completo.


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